Cada vez que vou escrever o poema perfeito,
coisa que tento uma e outra vez,
a mão põe-se a tremer e ataca-me o reumatismo
e a esferográfica produz borrões.
E quando estou tranquilo e se aplacou o reumatismo
e a minha esferográfica escreve persistentemente,
é a minha mulher que entra de dois em dois minutos
a peguntar se terminei o supracitado poema.
E quando por fim logro redimi-lo
mediante dores e aflições
faltam esse tremor, esse reumatismo, esses borrões
que o perfeito tem, se é que existe.
(versão minha a partir da tradução espanhola de Francisco J. Uriz, reproduzida em Afinidades afectivas - antologia de la poesía nórdica, prólogo e selecção do tradutor, Libros del Innombrable, Saragoça, 2002, p. 122).
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