Uma vez li uma história
sobre um gafanhoto com um dia de vida,
um aventureiro verde que foi engolido
no escuro por um morcego.
Logo a seguir a isto o velho e sábio mocho
apresentou um breve discurso de consolação:
também os morcegos têm direito à vida,
e continuam a andar por aí muitos gafanhotos.
Logo a seguir a isto veio
o fim: uma página em branco.
Passaram entretanto quarenta anos.
Debruçado ainda sobre essa página em branco
não me sinto com forças
para fechar o livro.
(Versão minha a partir da tradução inglesa de Stephen Mitchell reproduzida em The poetry of survival - Post-war poets of central and eastern europe, organização de Daniel Weissbort, Peguin Books, 2ª edição, Londres, 1993, p. 224).
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