para a minha mãe
A certa altura a altas horas
eu podia ser uma centelha subindo
a rua negra
com a minha morte a ajudar-me a subir
um eu branco a ajudar-me a subir
como um irmão
que cresce
mas esta manhã
reparo que os familiares silenciosos que amei em criança
chegaram todos juntos de noite
do país antigo
de que se lembravam
e de que todas as coisas se lembram
tomo alimento das mãos
do que durante anos foram zimbros
o sabor não mudou
estou a começar
outra vez
mas um sino toca em alguma aldeia que não conheço
nem posso ouvir
e à luz do sol solta-se a neve dos ramos
deixando o seu nome no ar
e uma única pegada
irmão
(Versão de António Ladeira; poema de Migration: New & selected poems, Copper Canyon P, Washington, 2005, pp. 174-175).
1 comentário:
Un magnífico poema.
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