quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Po Chu Yi (772-846)

Os nobres e os seus cavalos enfartados



O seu ar altaneiro enche o caminho,
as suas montadas e corceis reluzem por entre o pó.
- Quem são estas gentes? - pergunto.
- São os nobres da Corte.
Cinturões vermelhos para os ministros,
barretes de franjas de cor púrpura para os generais.
Vão para o festim do exército
e os seus cavalos correm como as nuvens.
Nove qualidades de vinho transbordam das suas taças,
oito manjares requintados - colhidos à terra e ao mar - serão servidos.
Descascam-se as laranjas do Lago Tung T'ing,
cozinha-se o pescado do Lago Celeste.
Cheios, estão contentes;
ébrios, o seu orgulho aumenta.
Neste mesmo ano a seca varre o sul do rio.
Em Ch'u Chon homens comem outros homens.



(Versão minha a partir da tradução espanhola de Rafael Alberti e María Teresa León reproduzida em Poesía china, Visor, Madrid, 2003 (1ª ed.: 1960), p. 127).

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