"Já alguma vez estiveste numa guerra? Viste
corpos a cairem na poeira?"
"Sim."
"Então escreve sobre isso."
"Já tiveste os lábios de uma noiva a tocar
como uma flauta os teus lábios?"
"Sim."
"Então escreve sobre isso."
"Já alguma vez, depois de te embriagares, fechaste os olhos
e sentiste o rio vacilar e vibrar
e deslizaste sobre ele como um cisne?"
"Sim."
"Então escreve sobre isso."
"Já alguma vez estiveste quase a alcançar o que querias
e, de repente, tudo te fugiu,
silenciando-te o coração como um tambor?"
"Sim."
"Então escreve sobre isso. Não escrevas só
sobre o que ouviste. Não escrevas
só a partir do que os outros escreveram."
(Versão minha a partir da tradução inglesa de Asif Farrukhi e Shah Mohammed Pirzada reproduzida em Modern poetry of Pakistan, organização de Iftikhar Asif e revisão das traduções de Waqas Khwaja, Dalkey Archive Press, Champaign/Londres, 2010, pp. 116-117).
3 comentários:
Muito interessante essa tua versão. E é mesmo complexa essa busca sobre o quê escrever... Mas não falta assunto, talvez inspiração.
É como dizia Rilke, escrever 'a partir da própria experiência. O que já é um material e tanto. Mas nem sempre.
LP,
Mas uma vez capturei uma das tuas belas traduções para reproduzi-la na minha Casa de Leitura.
Bjs e ótimo domingo!
Carol
Enviar um comentário