Nós, os sobreviventes,
A quem devemos a sobrevivência?
Quem morreu por mim na masmorra,
Quem recebeu a minha bala,
A que me foi destinada, no coração?
Sobre que morto estou eu vivo,
Os seus ossos tornando-se os meus,
Os olhos que lhe arrancaram vendo
Pelo olhar da minha cara,
E a mão que não é a sua mão,
E que também não é a minha,
Escrevendo palavras apodrecidas
Onde ele não está, na vida que sobrevive?
(Versão minha; original reproduzido em Juegos de Manos - Antología de la poesía hispanoamericana de mitad del siglo XX; organização de Ángel Esteban e Ana Gallego Cuiñas, Visor, Madrid, 2008, p. 701).
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