quinta-feira, 4 de junho de 2020

Manuel Vilas

Hölderlin



O grande poeta, linhagem das enfermidades mentais,
cuja palavra, segundo os doutos e cabais académicos,
falou da Grécia e da Alemanha, que propôs aos mortais
um reino superior, lá nas alturas onde os deuses vivem,
foi no tempo da sua vida um pobre tonto que esqueceu
até o seu próprio nome. Teve razão Goethe, que viu nele
o que era na realidade: primeiro, um jovem exaltado,
com pouca experiência do mundo e demasiada filosofia,
depois mais um louco entre os que adubam os campos da terra.



(Versão minha; poema incluído em Hacia la democracia. La nueva poesía (1968-2000); organização de Araceli Iravedra; Visor, 2016, p. 694).

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