Ao coração humano
Ao coração humano falta sempre alguma coisa;
Nunca se dá completamente por satisfeito:
Não é senhor de ter nas mãos o objecto do seu sonho
Sem que cem desejos o assaltem uma vez mais.
Desprezando o pão de cada dia, que o destino lhe dá,
Por que aconchega, no seu seio, sob a forma
Dum desejo ardente, um falcão cruel que
Não cessa de nele enterrar o bico esfomeado?
Entre o berço e o túmulo decorre um tempo
Excessivamente curto, designado vida;
Face à morte, também o coração sempre
Estremece com o mesmo desejo de sempre,
Sempre sonhando: é que a terra tem prazeres
Que o coração não saberá levar para o caixão.
(Versão minha. Fonte: La poésie croate- des origines à nos jours; selecção de Slavko Mihalic e Ivan Kusan; vários tradutores [tradutora deste poema: Janine Matillon]; Seghers, s/d, p. 103).
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