Café
A inspiração é um criado que satisfaz os vossos pedidos,
que encanta o café como se encanta uma serpente,
e a minha pobre cabeça, cortada por desobedecer
por um sabre turco, ferve nessa
substância líquida. Reconheço-o:
estava numa fila de velhos peralvilhos,
magros caramelos e facas graúdas...
E eu sem estar ainda registado no paraíso!
Espírito de chocolate, temperatura
dos lábios avermelhados e das abelhas frenéticas.
O aspecto da desconhecida, semelhante ao de um lémure -
até o açúcar se divide em partes iguais.
Enquanto a minha mente diverge pelas regiões de Singapura
o meu rosto esmaga-se contra a mesa.
(Versão minha. Fonte: Una iconografía dela alma. Poesía ucraniana del siglo XX; prólogo, selecção e tradução de Iury Lech; Litoral / Edições UNESCO, Málaga, 1993, p. 219).
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