domingo, 14 de fevereiro de 2010

Kate Rushin

Respondendo à questão: alguma vez pensaste em suicídio



Suicídio?!?!
Chavala, tás doida?
Eu tenho é medo de não viver
o suficiente

Tenho um medo de morte de alturas
Carros na bisga
Doenças esquisitas
Crocodilos
Electricidade
E campónios

Olha agora o aspecto que dava
Eu atirar-me duma cena qualquer
Tenho é montes de coisas p'ra fazer
E não há tempo p'ra nada

Deixa-me dizer-te
Se alguma vez me ouviste
Falar em acabar com a minha fraca figura
Então morde aqui a ver se eu deixo
Senta-te comigo até que esta nóia passe
E se alguma vez me
Encontrarem caído em algum lado
Não deixes que te digam que foi suicídio
Porque não foi

Eu tenho medo de alturas
Camiões a alta velocidade
Crocodilos
Electricidade
Drogas
Campónios
E conservas caseiras de feijão-verde

Com isto tudo
A afligir-me
Que aspecto é que dava
Matar-me





(Versão minha, em colaboração com C.; original reproduzido em Poetry from "Sojourner" - a feminist anthology, organização de Ruth Lepson e Lynne Yamaguchi, introdução de Mary Loeffelhoz, University of Illinois Press, Urbana e Chicago, 2004, pp. 161-162).

6 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

Viver é f----- :)

Lp disse...

Sim, viver é fixe...

P.A. disse...

Viver é vir ver este blogue
de vez em quando

pedro e o lobo blogspot S.A.

Cristina Gomes da Silva disse...

Completamente de acordo com os dois :)

CCF disse...

Li-o às miúdas adolescentes...ficaram pasmadas que a poesia se pudesse dizer assim, na mesma língua que a delas.
E riram...
~CC~

Lp disse...

Sim, ler poesia para os adolescentes também é fixe...