Não uma rosa vermelha ou um coração de cetim.
Ofereço-te uma cebola.
É uma lua embrulhada em papel castanho.
Promete luz
tal como o cuidadoso desnudamento do amor.
Aqui.
Vai cegar-te com lágrimas
tal como um amante.
Vai fazer do teu reflexo
uma fotografia tremida de dor.
Tento ser verdadeira.
Não uma carta engraçada ou uma quantidade de beijos.
Ofereço-te uma cebola.
Os seus beijos violentos permanecerão nos teus lábios,
possessivos e fiéis
como nós somos,
enquanto continuarmos a ser.
Aceita-a.
Se o desejares
os seus anéis de platina servem de alianças.
Letais.
O seu cheiro vai agarrar-se aos teus dedos,
agarrar-se à tua faca.
(versão minha; original reproduzido em Selected poems, Peguin, Londres, 2006, p. 11).
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