domingo, 7 de setembro de 2008

Samih al-Qasim

Como me transformei num artigo

 
Eles mataram-me uma vez 
Agora exibem o meu rosto infinitas vezes



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  Fim de um debate com um carcereiro 


Do postigo da minha estreita cela 
posso avistar árvores a sorrir-me, 
telhados repletos com a minha gente, 
janelas chorando e rezando por mim. 
Do postigo da minha estreita cela 
posso avistar a tua imensa cela. 



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  Eternidade 


 Folhas caem de quando em quando, 
No entanto o tronco do carvalho...    



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Bilhetes de viagem 


No dia em que me matar 
O meu assassino encontrará no meu bolso 
Bilhetes de viagem 
Para a paz, 
Para os campos e a chuva, 
Para a consciência do povo. 

Peço-te: não os desperdices, por favor. 
Suplico-te, a ti que me mataste - Viaja.



(versões minhas a partir das traduções inglesas de Abdullah al-Udhari reproduzidas em Victims of a Map: a bilingual anthology of arabic poetry, SAQI, London, 2005, pp. 71, 77, 79 e 59).

1 comentário:

AF disse...

Você fez algumas escolhas interessantes em relação a sua tradução de "Bilhetes de viagem." Várias secções são contratadas ou truncadas. Talvez seja a causa da tradução Inglês de "Abdullah al-Udhari."

Em qualquer caso, aqui está uma tradução literal da versão em árabe:

Em um dia em que alguém me matará,
O matador encontrará bilhetes de viagem no meu bolso:
Um para a paz,
Um para os campos e a chuva,
E um para a consciência do povo.
Caro assassino,
Por favor, não desperdices as bilhetes.
Caro assassino:
Viaja, por favor.