sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Jovan Hristic

[Naquela noite juntaram-se todos na mais alta torre...]



Naquela noite juntaram-se todos na mais alta torre,
Astrónomos, matemáticos e um dos magos da Síria,
Para lerem nas estrelas a glória do Rei dos Reis
E demonstrar a sua imortalidade com a ajuda da geometria.

Antes do nascer do dia, menearam as cabeças em concordância
Com as suas interpretações. A resposta das estrelas
Foi positiva. As trombetas anunciaram
A glória do Rei dos Reis sob o sol nascente.

No pálacio, com a mesa posta para o banquete, eles são esperados
Por aqueles sobre os quais as estrelas se pronunciaram esta noite
E cujo futuro transborda agora como vinho novo
Guardado nos cálices dourados preparados para os brindes.

Só alguns jovens, recentemente especializados em geometria,
Não se mostraram totalmente convencidos com o que foi lido nas estrelas,
Pois as estrelas respondem sempre aos humanos,
Mas a que questão só elas mesmas sabem.



(Versão minha a partir da tradução inglesa de Charles Simic reproduzida em The horse has six legs - An anthology of serbian poetry; organização, tradução e introdução de Charles Simic, Graywolf Press, Saint Paul, 1992, p. 43).

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vicent Andrés Estellès

Para mim seria um prazer escrever a Salvador Espriu



Mas
não
me
foi
possível
saber
se
estou
morto
ou
se
estou
vivo.
Em
tais
circunstâncias, que
cavalheiro pode escrever a Salvador Espriu?



(Versão minha a partir da tradução castelhana do autor reproduzida em Antología; selecção de Jaume Perez Montaner e Vicent Salvador,Visor, 2ª edição, Madrid, 2003, p. 54).

sábado, 10 de agosto de 2013

Humberto Ak'Abal

Poesia



A poesia é fogo,
queima por dentro de um
e por dentro do outro.

Se não, será qualquer coisa,
não poesia.



(Versão minha; original reproduzido em Puertas abiertas - Antología de poesía centroamericana; selecção e prólogo de Sergio Ramírez, Fondo de Cultura Económica, Guadalajara, 2011, p. 80).