segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Segunda edição


























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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Rajatendra Mukhopadhyay

Sobre a visita ao tigre



Os tigres gostam muito de se olhar a si próprios. Vêm à margem do rio ao entardecer. As suas sombras saltam na água brilhante. Para ver o rosto do tigre temos de agarrar o tigre por trás tocando no ombro do animal e pondo o rosto do visitante ao lado dele. Mas creio que ninguém o conseguiu fazer, à excepção de Tarzan.
Existem mais ou menos três formas de nos aproximarmos, na nossa vida selvática.
São:

          1  Quando o tigre está dentro da jaula, tu estás fora (por exemplo no zoo)
          2  Quando o tigre está fora da jaula, tu estás dentro (por exemplo na reserva natural)
          3  Quando o tigre e tu estão fora (por exemplo o tigre no chão e tu no alto de uma grande árvore)

Mas nada importa a não ser o desejo de ver o tigre. Se este desejo não viajar no interior da cabeça como os cânticos místicos, não se pode tirar prazer da visita.Existe ainda uma forma de ver o tigre involuntariamente: comer 24 pães fritos de Bengala que se chamam Luchi com um prato de cordeiro com muitas especiarias que se chama Kalia.



(Versão minha a partir da tradução castelhana de Subhro Bandopadhyay, com adaptação de Violeta Medina, reproduzida em La pared de agua -Antología de poesía bengali contemporánea; Olifante, Saragoça, 2011, p. 223).