segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ismail Kadare

Horários de comboios



Gosto da companhia desses horários dos comboios nas pequenas estações
Enquanto espero na plataforma húmida e contemplo a infinitude dos carris.
O uivo distante de uma locomotiva. O quê, o quê?
(Ninguém compreende a nebulosa linguagem das máquinas
a vapor)

Comboios de passageiros. Cisternas. Vagões cheios de minério
Passam sem cessar.
Assim passam os dias da tua vida pela estação do teu ser,
Cheios de vozes, ruídos, sinais
E do pesado minério da memória.




(versão minha a partir da tradução inglesa de Robert Elsie, reproduzida em An Elusive Eagle Soars - anthology of modern albanian poetry, organização, tradução e introdução de Robert Elsie, Forest Book/Unesco, Londres, p. 1993, p. 84).

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