quarta-feira, 15 de abril de 2009

Wendell Berry

A cobra



No fim de Outubro
encontrei no chão do bosque
uma pequena cobra cujo dorso
estava camuflado na negrura
das folhas mortas entre as quais se estendia.
O seu corpo engrossara com um rato
ou um pequeno pássaro. Estava fria,
tão entorpecida com a sua barriga cheia
e o ar outonal que nem se
dava ao trabalho de revoltear a língua.
Segurei-a durante muito tempo, pensando
na perfeição dos desenhos
negros no seu dorso, na morte
que a inchava, no seu frio bem vivo.
Agora esse frio permanece
na minha mão, e eu penso nela
deitada debaixo do gelo,
enorme com a morte a nutri-la
durante um longo sono.



(versão minha; original reproduzido em The generation of 2000 - contemporary american poets, prefácio e organização de William Heyer, Ontario Rewiew Press, Nova Iorque, 1984, p 16).

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