segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Óscar Hahn

Nunca se sabe



Num bairro qualquer
no trabalho
na universidade
há um indivíduo que parece
perfeitamente normal
um bom cidadão
um estudante entre outros
um chefe de família
que cumpre os seus deveres
e dorme tranquilo
Ele não sabe
que noutras condições
noutro tempo
noutras circunstâncias
poderia ser
um informador
da polícia secreta
um censor de livros
um torturador
No entanto está aí
mesmo ao pé de ti
ou talvez sejas tu próprio
aquele que lê este poema
ou aquele que o escreve



(versão minha; original reproduzido em Poemas de la era nuclear, Bartleby Editores, Prólogo de Alexandra Domínguez, Madrid, 2008, p. 43).

2 comentários:

Cristina Gomes da Silva disse...

Bem a propósito de 1 de Setembro de há 70 anos. Foram boas, as férias?

PS: o verificador de palavras hoje exigia a reprodução da palavra "genes". Vá-se lá saber de quê :))

Lp disse...

óptimas. o problema é sempre o 1 de setembro...