terça-feira, 14 de junho de 2011

Milan Rúfus

Destino



A cabeça vendada
de Guillaume Apollinaire
inventa um poema.
Esquecidos do corpo
seguiamos-te, destino.
E o espinho na planta do pé
não o sentíamos. O calo na palma da mão
era parte dela como um sexto dedo, e sem ele
não era nossa.

Assim se enrosca o corpo,
adapta-se. Como uma ferradura
dobram-nos à medida
do inapreensível.

E nós pedimo-lo.
August Renoir
amarra-se ao pincel:
um instante mais, Senhor,
ata-nos mesmo que seja à cauda
do cavalo de Tróia.



(Versão minha a partir da tradução de Alejandro Hermida de Blas incluída em Campanas, edição bilingue eslovaco-espanhol, La Poesía, señor hidalgo, Barcelona, 2003, p. 121).

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