quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Juan de Lapala

Vincent



Cegam-me os teus sóis
e os teus lúcidos amarelos.
Sossegam-me a alma
as aspas "deste ninguém".
Toco por baixo da ligadura
dos teus óleos
esses ausentes recessos
que fizeste símbolo da tua dor.
Pesou demasiado a tua cruz, homem,
e sei que caíste três vezes
antes de te amputares por inteiro.
Ainda te observamos cabisbaixos,
eu e os teus tristes girassóis.



(Versão de Ricardo Castro Ferreira; o original - do livro El torturador, de 2005 - pode ser lido aqui).

3 comentários:

Helena Araújo disse...

O problema deste blogue é que a cada novo post eu tenho o impulso de me repetir:
- Que bonito! Obrigada.

Lp disse...

Que bom! Muito obrigado.

je suis...noir disse...

São lindos "os amarelos" do VG mas os "negros" ainda são mais...

E este texto está tão bonito!