segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Maxim Rilsky (1895 - 1964)

A arte de traduzir



A flecha avança por planícies desconhecidas.
Onde paira a ave? Hoje será um dia de sorte?
O disparo será preciso? Num precipitado turbilhão
As cercetas levantam voo instalando na alma a agitação.

Assim o livro imagina o seu horizonte
E nessas linhas, configuradas sobre o papel,
Tens de capturar com a destreza de um caçador,
Oferecendo-a aos teus congéneres, a essência do real.

Não é necessário matar! Cada analogia possui
O seu próprio limite: procura que as palavras
Não transformem a sua riqueza em ausência de sentido,

Que nelas permaneça vivo o pensamento
E que o espírito poético se manifeste sobre nós
Como algo íntimo, num sopro que vem do que é único.


(1940)



(Versão minha a partir da tradução castelhana de Iury Lech reproduzida em Poesía ucraniana del siglo XX - Una iconografia del alma; prólogo e selecção do tradutor; Litoral/Edições UNESCO, Torremolinos/Málaga, 1993. Com este poema assinalam-se cinco anos de Do trapézio, sem rede. Foi um imenso prazer. Vemo-nos por aí).

7 comentários:

Cidadão do Mundo disse...

Espero que também nos vejamos por aqui.

Abraço.

Mais uma vez obrigado pelo seu excelente trabalho.

Lp disse...

Muito obrigado pelas suas palavras.

C. disse...

Acabou?... Vou sentir tanta falta! :( Mas obrigada pelas traduções e pelos poemas. :)

Lp disse...

Para já, sim. Depois se vê. De qualquer modo, muito obrigado pelo comentário.

Manuel Margarido disse...

Caro LP. Não perdoo! A sério, a sério, inesquecíveis cinco anos de labor cinco anos. Com o teu blogue ficámos, aqueles poucos que gostamos de poesia que lhe mereça o nome, menos provincianos. Obrigado. Espero (esperamos muitos) um possível regresso. Abraço. MM

CCF disse...

Tenho muita pena, conheci tantos poetas aqui que de outro modo nunca conheceria.
~CC~

LP disse...

Muito obrigado. Abraços.