segunda-feira, 26 de julho de 2021

Huang O (1498-1569)

 Para a melodia "A queda de um pequeno ganso selvagem"



Noutros tempos eu era jovem e sedutora
E bamboleava-me por aqui
E por ali no nosso quarto perfumado
Com orquídeas. Tu e eu juntos
E embrenhados atrás das cortinas de
Gaze da nossa cama impregnada
De incenso. Estremeci nos teus braços.
Levavas-me no teu coração
Por onde quer que andasses. De súbito
Uma bala derrubou a fêmea
Do pato-mandarim. A música da
Cítara de jade foi esquecida.
As fénix tiveram de separar-se.

Estou só na minha casa
Repleta de primavera e
Tu estás longe, a fazer amor
Com outra, ambos felizes
Como dois peixes na água.
Aquela vaquinha insuportável
Com as suas artimanhas de coquete!
O melhor é que não se esqueça de que
Esta puta velha ainda é muito capaz
De lhe fazer uma bela cena, bem furiosa.



(Versão minha a partir da tradução castelhana de Carlos Manzano da tradução inglesa de Kenneth Rexroth e Ling Chung, incluída em El barco de orquídeas - Poetisas de China; Gadir, Madrid, 2007, pp. 73-74).

Sem comentários: