quinta-feira, 16 de junho de 2022

Wioletta Grzegorzewska

As línguas das partículas



O professor de química, bom conhecedor de todas as bases
e todos os ácidos, de pé frente à tabela periódica,
passava horas a meter-nos na cabeça os símbolos dos elementos.
No laboratório dava-nos lições com a linguagem das partículas,
brincava à apanhada com os átomos usando o oscilador,
com as provetas, como um alquimista, torturava o mercúrio,
calculava a chuva em número de gotas.
No seu mundo as árvores tinham anéis regulares,
e a vida era directamente proporcional à morte.



(Versão minha. Fonte: Luz que fue sombra. Diecisiete poetas polacas (1963-1981); selecção e tradução de Abel Murcia e Gerardo Beltrán, Vaso Roto, Madrid, 2021, p. 117).

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