terça-feira, 17 de junho de 2008

Helen Farish

Empire State Building



Fui mesmo até ao topo
para nos atirar
na forma de dois cêntimos,
as moedas caindo
em tristes linhas paralelas,
o espaço entre elas
vazio como o não-espaço
entre os arranha-céus erguidos em separado.
Mas cometi o erro de esperar
até que a cidade se iluminasse
em resposta ao crepúsculo
e com o crepúsculo
veio o vento e com o vento
neve como a neve de um filme.
Tão mágica que era como se
estivesses comigo
a tomar posição sobre os acontecimentos,
a tornar direitas linhas curvas,
a deslizar a tua mão fria
debaixo do meu casaco, procurando a pele
lisa das minhas costas, depois reclamando o direito
ao meu seio, incendiando-me.
As pessoas abandonariam o Norte o Sul e o Leste
para virem assistir
ao que se estava a passar na parte Oeste,
e à medida que o 80º piso se tornasse no 79º
e este no 78º, tu dirias Sabes,
sempre merecemos muito mais do que isso.



(versão minha; de Intimates, Cape Poetry, London, p. 18.)

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