terça-feira, 5 de junho de 2012

Karmelo C. Iribarren

A condição urbana


                                           Para Roger Wolfe



Detesto autocarros. A boa
educação que nos obriga
a ceder os lugares sentados
a essas senhoras
que até que se sentem
pode dar-lhes
qualquer coisa fatal.
Os empurrões. Os cheiros. Que ninguém
fume e tenhamos de aguentar
todos os pormenores
do enfarte
que deu a não sei quem.
Os anúncios publicitários
nas partes laterais.
As travagens. E muitas
outras coisas que agora calo
porque desço aqui.



(Versão minha; original reproduzido em Seguro que esta historia te suena - Poesía completa (1985-2005), Renacimiento, Sevilha, 2005, p. 37).

1 comentário:

Sebastião Ribeiro disse...

O stress urbano não é um tema tão recorrente ainda na poesia, gostei deste exemplo. Obrigado por trazê-lo a nós.