sábado, 30 de abril de 2022

Mario Vega

 Diante do túmulo do corpo amado



A vida não é como nos contaram,
porque viver é estar sempre em guerra
e morrer dói menos.
E aquele que apostou no amor, desconhecendo
como passam os dias
paga cara a sua farsa.
Do seu desprezo ficam ruas tristes
e uma cidade distante como um domingo inglês.
Não se pode servir dois tiranos
que oferecem como dom e maldição
sombras da memória.

Se uma parte desta dor pode atingir-te
escuta-me e prossegue com a tua aventura,
seja cinza ao vento ou brasa soterrada.
Eu permaneço aqui
imóvel, silencioso, imerecido.

Tu cada vez mais distante da morte,
eu cada vez mais longe da vida.



(Versão minha. Fonte: Los últimos del XX - Antología de poesía (1980-1997); selecção de Miguel Munárriz; Luna de Abajo, Oviedo, 2020).

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