domingo, 27 de dezembro de 2009

Gagan Gill

Formigas



As formigas não encontram o seu caminho para casa.

Caminham, traçando linhas entre o nosso sono e os nossos corpos.
A sua farinha invisível continua espalhada na sua memória,
espalhada noutro espaço e tempo. Elas continuam a ir de um fim
da terra a outro em busca dela. Afundam os seus dentes
em todas as coisas vivas e mortas. As tristezas da terra crescem
de modo tão leve com a sua demanda que as direcções
começam a rodopiar em grande confusão. Os
pólos começam a mudar de lugar. Mas ninguém
conhece a tristeza das formigas.

Há muito tempo atrás talvez tenham sido mulheres.




(versão minha a partir da tradução inglesa de Jane Duran e Lucy Rosenstein que pode ser lida aqui).

1 comentário:

Cristina Gomes da Silva disse...

Muito bonito! Hoje só tenho um sorriso triste. Não sei se de formiga ou de mulher. Abraço de cá